sábado, 3 de fevereiro de 2018

O suicida Judas Iscariotes foi salvo?

Este questionamento é muito comum no meio evangélico. A dúvida de alguns se baseia no conceito equivocado de predestinação. A doutrina da predestinação fatalista ensina que Deus predestinou uns para os céus e outros para o inferno. Os adeptos desta ideia questionam: “Se Judas estava predestinado para trair Jesus, o que ele poderia fazer para evitar sua condenação?”
De outro lado, usando este mesmo pressuposto, alguns consideram uma injustiça Judas não ter sido salvo, uma vez que, segundo esta teoria, ele nada poderia fazer contra os desígnios divinos. Sem entrar nos debates da erudição
teológica acerca da doutrina da salvação, especialmente entre Calvino e Armínio, reconhecemos pelas Escrituras que Deus é soberano (Is 41.21-24).
Em sua soberania Deus concede a cada pessoa o livre arbítrio para ser exercido dentro de seu soberano projeto para o passado, presente e futuro. E, as Escrituras também asseveram que a presciência divina das futuras decisões de alguém não é o resultado de sua predeterminação destas escolhas. Portanto, cada qual será responsabilizado e julgado por suas decisões, quer elas sejam boas ou más escolhas (Sl 51.3-4, Rm 2.6-8, Ap 20.12).
Neste caso, a presciência divina sabia que Jesus morreria em uma cruz (Jo 12.32). Sabia que seria traído por Judas Iscariotes (Jo 13.18-27) e também tinha ciência que Pedro negaria o Cristo (Mc 14.19-31). No entanto, a responsabilidade de cada um destes atos recaiu sobre quem os decidiu executar. Quanto à morte de Cristo, Deus não levou as autoridades e nem os algozes a crucificar Jesus, embora o Senhor tivesse conhecimento prévio dos fatos, a culpa ainda era dos executores (At 4.27.28). Isto significa dizer que “Deus não precisa predestinar para saber de antemão” (HORTON, 1997, p. 364).
Quanto ao Iscariotes, sua má índole e sua conduta reprovável não aconteceram de uma hora para outra. Não obstante, Lucas e João escreverem que Satanás entrou em Judas (Lc 22.3, Jo 13.27), isto significa dizer que embora agisse de modo próprio, inconscientemente o traidor cooperou com o Diabo (ARRINGTON, 2003, p. 139). O discípulo amado informa que Judas era um corrupto contumaz e furtava as ofertas que Jesus recebia (Jo 12.6). A sua motivação para entregar o Senhor envolveu uma transação monetária – trinta moedas de prata – o preço de um escravo (Êx 21.32). Apesar disto, considera-se que este não fora o único motivo da traição. Talvez ele achasse que Cristo fosse um embuste e desacreditado da messianidade de seu líder resolveu lucrar com a situação (MOUNCE, 1996, p. 250). 
Entretanto, ao contrário de Pedro - que também traiu a Jesus - mas que após negar ao seu Senhor encontrou perdão por meio do arrependimento (Lc 22.62, Jo 21.17), Judas cheio de remorso resolveu tirar a própria vida (Mt 27.5). Por conseguinte tanto o “ato da traição” quanto ao “ato do suicídio” foram escolhas que selaram o seu destino. Assim sendo, Pedro morreu salvo (Jo 21.18,19) e o Iscariotes morreu perdido, conforme afirmação do próprio Cristo: “Enquanto Eu estava com eles, protegi-os e os defendi em teu Nome. E nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura...” (João 17.12).
Pense nisso!
Douglas Roberto de Almeida Baptista
Referências Bibliográficas
ARRINGTON, French L. (Ed.) Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
MOUNCE, Robert H. Novo comentário Bíblico Contemporâneo. Mateus. São Paulo: Editora Vida, 1996.

Fonte: Cpad News

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