Com uma frequência preocupante, chegam noticias de diversas partes do mundo sobre cristãos sendo mortos por causa de Cristo. Não há dúvidas de que o martírio cristão existe desde o primeiro século. Contudo, permanece a dúvida: Exatamente quantos cristãos são mortos por sua fé? Uma reportagem recente da BBC questionou a assustadora soma de 100 mil mortes anualmente que vinha sendo divulgada pelo Vaticano, que levou os dados ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em maio.
A estimativa de cem mil surgiu no Centro para Estudo do Cristianismo Global (CSGC), do conceituado Seminário Teológico Gordon-Conwell. Um dos motivos para ser contestada é que inclui os cristãos mortos em conflitos civis, não apenas por sua fé. A BBC descobriu que o CSGC usou para sua análise anual os mortos na guerra civil da República Democrática do Congo.
O ex-diplomata Judd Birdsall, que trabalhou no Escritório de Liberdade Religiosa do Departamento de Estado americano, questiona o uso do termo “martírio” para se falar de tantas mortes com conotações políticas.
Ele pede que seja feito uma análise mais detalhada, sem ignorar as diferentes nuances do assunto. “Mesmo as estimativas conservadoras da gravidade da perseguição nos permitem dizer ao mundo: Sabemos o que tem acontecido e a realidade pode ser pior”, escreveu recentemente em um artigo para o site Religion News Service.
Por outro lado, a missão Portas Abertas divulga a estimativa de que o número de cristãos mortos por sua fé em 2012 é de 1.200. Todos os anos, o grupo preparar uma lista anual dos 50 países com maior perseguição aos cristãos. Porém, registra apenas as mortes verificáveis. A imensa maioria das mortes no ano passado (791) são atribuídas ao Boko Haram, o grupo terrorista islâmico na Nigéria.
Frans Veerman, um dos diretores da Portas Abertas, explica que os cristãos assassinados em regiões de conflito são facilmente identificados. Contudo, existe uma série de casos que os cristãos não são assassinados, mas morrem em consequência de privações de suas necessidades básicas de comida e atendimento médico.
No entanto Veerman inclui também um segundo grupo que pode ser considerado como mártires demais: os cristãos que morrem devido à discriminação de longo prazo, através da privação de necessidades básicas, como água potável e cuidados médicos.
“Martírio é qualquer hostilidade experimentada como resultado da identificação da pessoa com Cristo. Isso pode incluir atitudes e palavras hostis… Os cristãos nem sempre são mortos, mas sofrem tanto com as leis e restrições que vão perecendo ao longo de anos. Por isso, algumas pessoas não são contadas como mártires, pois não foram mortos no ato”.
Levando algumas dessas questões em consideração, a Sociedade Internacional para os Direitos Humanos estima entre sete mil e oito mil martírios cristãos por ano.
O estudioso John Allen, autor do livro “A Guerra global contra os cristãos”, lançado este mês, parece ter reacendido o debate. “A verdade é que hoje em dia, dois terços dos 2,3 bilhões de cristãos do mundo vivem em bairros perigosos. Em sua maioria são pobres. Muitas vezes pertencem a minorias étnicas, linguísticas e culturais. Acredito que olhar para isso nesse momento é mais importante do que tentar divulgar o número exato de mortos por sua fé”.
Fonte: Gospel Prime
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