quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O retorno de Cristo e o reino milenar

1. O retorno de Cristo está sobejamente registrado nas Escrituras. No entanto, os intérpretes discordam entre si acerca das doutrinas do “quiliasmo” – uma expressão grega que designa “mil” e que se refere ao Milênio. A discussão gira em torno do tempo da vinda de Cristo para instalar o reino milenar. Atualmente existem quatro escolas diferentes para abordagem da segunda vinda de Cristo em relação ao milênio.
1.1. Posição não-literal. Esta escola nega que haverá um retorno literal. Para eles, Cristo não retornará corporalmente ou visível. Ensinam que o segundo advento aconteceu com a destruição de Jerusalém, ou no dia do Pentecostes, ou ainda, na morte ou conversão
do crente.
1.2. Posição Pós-milenarista. Para esta escola, o retorno de Cristo será literal, mas acontecerá somente após o milênio na terra. Seus adeptos ensinam que o mundo todo será alcançado e se converterá pela pregação do Evangelho antes da segunda vinda de Cristo a terra.
1.3. Posição amilenarista. Esta escola nega que haverá um reino milenar literal na terra. Para eles, Satanás já foi aprisionado na primeira vez que Cristo veio. Ensinam que na presente era, entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, as profecias acerca do milênio já estão espiritualmente sendo cumpridas.
1.4. Posição Pré-milenarista. Para esta escola, o retorno de Cristo será literal e corporalmente, e, acontecerá antes do início do milênio na terra. Os que professam esta posição acreditam que após o retorno de Cristo, será instituído a era milenar e Cristo literalmente reinará na terra por mil anos.
         2. Acerca destas posições convém esclarecer que a posição não-literal coloca em descrédito as inúmeras profecias que anunciam uma segunda vinda de Cristo. A posição pré-milenarista está presente nos escritos apostólicos do Novo Testamento. Dos chamados pais da Igreja, Clemente de Roma (40-100 d.C), Inácio, bispo de Antioquia (50-115 d.C), Policarpo, bispo de Esmirna (70 e 167 d.C); Justino Mártir (100-165 d.C), Ireneu (130-202 d.C) e Tertuliano (160-220 d.C) dentre outros eram pré-milenaristas. Porém a escola pré-milenarista passou a ser contestada a partir do III século, tendo Orígenes (185 – 254 d.C) como seu principal expoente, pois o sentido literal das Escrituras passou a ser substituído pela alegorização em busca de um suposto sentido secreto. Em seguida Agostinho de Hipona (354-430 d.C) começou a ensinar o amilenarismo, defendendo que o milênio ocorreria no período entre os dois adventos. Esta posição perdurour até a Reforma Protestante. No período pós-reforma ressurgiu a posição pré-amilenarista, sendo contestada com o surgimento do pós-milenarismo que exerceu grande influência até fins da 2ª Guerra Mundial (1945), e que praticamente tem desaparecido dos atuais debates teológicos. Em nossa época temos visto o ressurgimento do amilenarismo, mas, também e ainda em maior escala o ressurgimento do pré-milenarismo da Igreja primitiva:
Desse modo, a pesquisa histórica revela que a interpretação pré-milenarista, unanimemente defendida pela Igreja primitiva, foi suplantada mediante a influência do método de alegorização de Orígenes e pelo amilenarismo agostiniano, que se tornou o ponto de vista da igreja romana e continuou a dominar até a Reforma Protestante, por ocasião da qual o retorno ao método literal de interpretação restaurou a interpretação pré-milenarista. Essa interpretação foi desafiada pelo surgimento do pós-milenarismo, que começou a tomar forma... e, continuou até seu declínio após a Segunda Guerra Mundial. Esse declínio promoveu a ascensão do amilenarismo, que agora compete com o pré-milenarismo como método de interpretação da questão quiliástica. (Pentecost, 1998, p. 403).
        3. O posicionamento da teologia pentecostal adotada pelas Assembleias de Deus no Brasil segue o método de interpretação literal conforme a fé praticada na Igreja primitiva. Nossa Declaração de Fé ratifica a posição pré-milenarista:
O Milênio é o Reino de Cristo com duração de mil anos que terá início por ocasião da vinda de Cristo em glória com os seus santos. Todos os que estiverem vivos na terra após esses acontecimentos serão submetidos ao governo de Jesus Cristo. Nesse período, Satanás estará aprisionado no abismo. Isso significa que a sua ação destruidora na terra será neutralizada e, assim, será iniciada uma nova ordem. (SOARES, 2017, p. 189).
             4. Esta postura da teologia pentecostal professa que o retorno de Cristo se dará em duas fazes distintas e está em consonância como artigo de fé número 13 do credo menor assembleiano, que afirma: “Cremos na segunda vinda de Cristo, em duas fases distintas: a primeira — invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja antes da Grande Tribulação; a segunda — visível e corporal, com a sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1 Ts 4.16, 17; 1 Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 1.14)”.

Pense nisso!
Douglas Roberto de Almeida Baptista


Referências Bibliográficas
SOARES, Esequias (Org). Declaração de Fé a das Assembleias de Deus. Rio: CPAD, 2017.
PENTECOST, J. Dwight. Manual de Escatologia. São Paul: Editora Vida. 1964.

Fonte: CPAD News

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