O que é o Reino de Deus? Reconheço, querido leitor, que não é nada fácil responder a esta pergunta; embora simples, traz um conteúdo bastante complexo e desejavelmente profundo. Mas, a partir de minha experiência, posso garantir que é mais fácil entrar nos domínios divinos do que os definir ou explicá-los.
Aos quinze anos, tive o meu primeiro encontro com o Senhor Jesus; aceitei-o como o meu salvador pessoal. E, de imediato, fui introduzido em seu Reino.
Naquele momento, porém, eu não tinha uma noção clara quanto ao governo real de meu Senhor. Que nome dar-lhe? Reino de Deus? Ou Reino dos Céus.
Confesso que eu não estava muito preocupado com definições ou nomenclaturas. O mais importante, para mim, era permanecer no reino do Filho do seu amor (Cl 1.13). Mas, com o tempo, as definições e as nomenclaturas começaram a preocupar-me. Quem faz teologia não pode fugir a essa tarefa, que Salomão certamente taxaria de enfadonha.
Hoje, passadas quatro décadas, acredito já estar em condições de ensaiar alguma definição de Reino de
Deus. Antes de tudo, conceituemo-lo como a soma de tudo quanto o Eterno criou e preserva: os Céus e a Terra. E, nestes, incluamos suas criaturas morais: os anjos e os homens. Pequenos e limitados súditos, deveríamos nós reconhecer-lhe o senhorio sobre todas as coisas. Infelizmente, parte daqueles, no querubim ungido, e a totalidade destes, em Adão, vieram a questionar-lhe a soberania.
Apesar da apostasia havida no Céu e replicada na Terra, o Reino de Deus não foi abalado. O salmista, reconhecendo o potentado divino, assim louva-lhe a realeza: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu reino” (Sl 45.6).
Os anjos que não seguiram o arqui-inimigo de Deus, agora já eleitos, impecáveis e santos (porquanto tentados, mantiveram-se fiéis), passaram a tributar ao Senhor uma obediência perfeitíssima. Eis por que somos instados a imitar-lhes a voluntariedade em nosso relacionamento com o Senhor (Mt 6.10). Tanto os seres celestes quanto os homens achamo-nos no Reino de Deus. Eles, nos Céus; nós, provisoriamente, na Terra.
Se avançarmos na definição do Reino de Deus, viremos a reconhecer que este se acha, ainda, em nosso interior, conforme declara o Mestre Divino: “Porque o reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17.21). Referia-se Ele à plenitude de nossa salvação com todas as benesses provenientes do Calvário: a justificação pela fé, a adoção de filhos, a santificação pelo Espírito e a glorificação ao soar da última trombeta. Mencionemos, outrossim, o batismo no Espírito Santo, os dons ministeriais e as dotações espirituais.
Como o Reino de Deus manifesta-se em nós e através de nós? Em nós, confirma-se no testemunho interior do Espírito Santo, reafirmando-nos de que somos, de fato, filhos de Deus (Rm 8.16). E, através de nós, externa-se pelas boas obras que, pela fé, praticamos (Mt 5.16). Por conseguinte, todas as vezes que levamos alguém a glorificar o nome do Pai Celeste, por nossas ações e reações, atuamos como agentes do Reino.
O Reino de Deus mostra-se também, visivelmente, na Igreja Invisível. Eis por que esta pode ser definida como a agência por excelência do Reino dos Céus, na Terra. Quanto mais ela expande o Reino de Deus, mais o império de Satanás apequena-se (Mt 16.18).
Haverá, porém, um tempo em que o Reino de Deus far-se-á pleno. Ao cumprir-se o programa apocalíptico do Pai Celeste, a Jerusalém Celeste descerá à Nova Terra. Então, ambas as esferas das posses divinas hão de formar uma mesma e renovada grei. E, dessa forma, os santos de todas as épocas e lugares, ali estaremos, a fim de desfrutarmos a comunhão do Rei dos reis e Senhor dos senhores. E o Milênio? Será a plenitude do Reino de Deus, na Terra, logo após a Grande Tribulação.
“Consolai-vos uns aos outros com estas palavras”.
Fonte: CPAD
por Claudionor de Andrade
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