sábado, 4 de outubro de 2014

O terrorismo político voltou

O terrorismo eleitoreiro voltou a dar o tom das eleições deste ano. Em reportagem esclarecedora, a revista Veja desta semana ressalta a fúria petista contra a candidata Marina Silva depois de sua crescente nas pesquisas de opinião pública, capaz de colocar em risco a manutenção do poder do atual governo.
A chamada da capa sintetiza o atual contexto da campanha eleitoral em curso: “Nunca antes neste país se usou de tanta mentira e difamação para atacar um adversário como faz o PT”.
De inicio, a Carta ao Leitor enfatiza que “o PT foge do confronte de ideias. O partido recorre a trucagens baratas em que pratos de comida somem de repente da mesa das pessoas enquanto o narrador explica que é isso que vai acontecer se Marina ganhar e der independência ao Banco Central. Em outra passagem, é o conteúdo dos livros que desaparece em passe de mágica das mãos das crianças, o que o PT assegura ocorrerá com a educação se Marina vencer. O PT deve saber que tipo de eleitor se deixa convencer por esse discurso baseado em premissas falsas e conclusões terroristas. Essa abordagem podem até ter efeitos eleitoreiros, mas desserve a nação e desmoraliza o processo eleitoral.
De acordo com a matéria, a campanha eleitoral de Dilma, comandada pelo medalhado marqueteiro político  João Santana, deixou de lado todos os escrúpulos, deixou de lado o
debate de ideias e propostas, ignorou, enfim, as decências mais básicas da convivência civilizada e passou a mostrar Marina como uma candidata cujas propostas levariam os pobres a passar fome. Marina foi comparada a Jânio Quadros e Fernando Collor, e acusada de tentar acabar com o pré-sal e, assim, tirar da educação 1,3 trilhão de reais.
Não pense que esse tipo de propaganda não tem qualquer efeito. Há poucos dias ouvi um jovem rapaz, com suposta inteligência acima da média, afirmando que votaria em Dilma com medo de perder o benefício de determinado projeto social do qual ele é beneficiado, caso a atual presidente não seja reeleita. Esse é o típico voto do medo.
O terrorismo eleitoreiro trabalha no imaginário das pessoas, antevendo um futuro sombrio e caótico se determinado candidato de oposição sagrar-se vitorioso. São utilizadas frases soltas do programa de governo contrário a fim de induzir psicologicamente os indivíduos a temerem o cenário futuro. A mensagem é a seguinte: Se com a gente a coisa está difícil, imagine com o outro.
Infelizmente, muitos não têm o discernimento político necessário para separar o joio do trigo em matéria eleitoral, e acabam sendo enganados por essa tática antidemocrática e abusiva.
A questão em jogo não é somente a batalha política desse pleito. O problema tem proporções muito maiores. Trata-se de uma estratégia ardilosa para que um partido político que comanda o país há doze anos se perpetue no poder custe o que custar.
Logo, não se trata de uma defesa da candidata Marina Silva. O terrorismo político é perigoso para o Estado Democrático de Direito, na medida em que fere de morte os valores básicos que devem nortear uma disputa eleitoral transparente, propositiva e baseada em informações verídicas.
Até mesmo analistas que não apóiam Marina Silva reconhecem o perigo da tática petista. A exemplo,Reinaldo Azevedo diz que Marina Silva “é vítima de uma campanha de impressionante sordidez. Afirmar, como faz o PT, que a independência do Banco Central iria arrancar comida da mesa do brasileiro é coisa de vigaristas. Sustentar que Marina, se eleita, vai paralisar a exploração do pré-sal — como se isso dependesse só da vontade presidencial — e tirar R$ 1,3 trilhão da educação é uma formidável mentira.”
Desse modo, ainda que o político aterrorizado fosse Aécio Neves ou qualquer outro na disputa, o terrorismo eleitoreiro deveria receber o desagravo da população, afinal tal prática nada mais é do que uma arma letal contra o futuro da nação.
Valmir Nascimento

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